FEIJÃO! FEIJÃO!...
Numa
terça-feira eu estava na recepção da antiga sede da AVOHC, quando chegou uma
senhorinha acompanhada de um garoto de mais ou menos dez anos.
A senhora era miudinha, delicada e muito simples. Na cabeça, usava um lenço de algodão estampado e calçava chinelos Havaianas maiores do que os pequeninos pés.
O garoto que a acompanhava era magrinho, de olhar triste, sofredor e estava com a cabeça, tronco e parte dos braços cobertos por curativos feitos no Queimados que eram cobertos por uma camiseta muito surrada. Na mão trazia uma carta.
Envergonhada e
educadamente, ela entregou a carta para a Vera, na época, minha coordenadora.
A carta era um
pedido de Cesta Básica; pois o menino havia recebido alta hospitalar e estava
indo para casa.
A Vera me
falou:
– Ache algumas
roupas, mais ou menos do tamanho dez, calçado, joguinhos, livrinhos de história, revistinhas da Turma a Mônica, cruzadinhas e material escolar.
A Cesta Básica vinha (e ainda vem) em uma caixa de papelão, mas devido à fragilidade da senhora, seria impossível transportá-la. Procuramos, então, uma sacola resistente, feita pelas costureiras da AVOHC. Passamos os mantimentos para a sacola. Na hora que a senhora viu que colocamos dois quilos de feijão dentro da sacola, ela arregalou os olhos e como uma menininha saltitante exclamou, cheia de alegria:
– Feijão! Feijão!... Batendo palmas.
Foi o sorriso desdentado mais lindo que já vi!
A mulher e o menino, dois gigantes, foram embora felizes da vida.
São histórias como esta que nos enchem de orgulho, alegria e felicidade de ser mais uma das voluntárias dos “Voluntários do Hospital das Clínicas”.
Maria Izilda Vinhas
Reis
28/02/12
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